quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Sofá Poético



Anseios... Os olhos e imaginário tendem a achar belas as coisas cheias de confeitos. Quando o encantador realmente está por dentro de todo aquele enfeite.

O sofá da sala era pequeno para a bagagem de sonhos que se deitava ali. Era pequeno para a bolsa jogada nele depois de um dia cansativo. Era pequeno para a pilha de livros nos quais era dedicada aquela atenção-desatenção diária. Mas mesmo sendo pequeno, era do tamanho perfeito. Sim, perfeito para os corações em paralelo, ora emaranhados, mas sempre buscando serem um só. No sofá não cabiam as risadas soltas por besteiras ou ações feitas, não cabia o nariz sujo de sorvete e as cócegas trocadas, as caras dengosas e maliciosas. Não havia vaga para as conversas cheias de importância, para as palavras de efeito, para todas as palavras. Não tinha espaço para o silêncio carinhoso, para o silêncio apaixonado, para o silêncio atencioso...Aquela cena caseira de pijamas e filme, ou jornal, passando na TV, aquela cena de cochilos e afagos. Tudo era tão grandioso e precioso que não cabia nem na sala, tomava espaço da varanda e das flores que estavam nela.
Marés de sensações tão perfeitas que o resto deixava até de ser resto para ser pó do pó. Nada de cenas do mocinho correndo pelas ruas para chegar na casa da mocinha antes que ela fosse embora com as malas. Nada de festas elegantes e o beijo na frente do chafariz. Nada de helicóptero fazendo chuva de rosas. O sol e a lua eram secundários. Chuva e vento só reafirmariam a beleza daquela naturalidade. O romance estava ali, a poesia estava ali, no sofá.





-Quero um conto "sofádiano"-

6 comentários:

Montarroyos disse...

A poesia estava no sofa.
No conto de quem contou.
No olho do imaginar.
Na varanda defronte, ao lado, atrás do sofar.

Marcela Fernanda disse...

Nossa, lindo! Pra mim, sofás guardam boas lembranças |
Uma despedida apaixonada,
Um beijo acalorado,
Um silêncio profundo,
Uma lágrima guardada...

beijos e bom fds

Eva disse...

ah... se meu sofá falasse.

=)

boas lembranças, isso mesmo! =P

Fernanda disse...

Eu tive um conto desses de sofá, mas foi aos poucos, foi bem aos poucos que eu fui evitando de ficar no sofá, fui querendo não olhar mais pra ele, fui ficando com raiva só por ele estar ali. E é assim como estou agora, aquele sofá sabe tanto que é seria uma loucura se ele fosse fofoqueiro. Eu quero que ele pare de fazer lembrar do todo, de tudo que eu lembro. mas ele não faz isso.


Mil beijos, lindo demais aqui!

Eva disse...

cadê você, menina.

some não.

=)

Edu Chianca disse...

E assim a gente não sai,
que esse sofá ta bom demais!
Deixa o verão pra mais tarde...

Bjs ;)